Fessô

Me ensina como não te olhar da cintura para baixo quando falas de Augusto dos Anjos. Sua boca se movimentando, confundo a aula com suas poesias mudas que escreve para mim em seu leito, que me dedicas em homenagens solitárias em outros púbis.
Me ensina mais sobre cinema, fala de novo que minha boca é mais carnuda que a da Brigitte Bardot. Me apresenta uma nova cerveja de trigo e treina mais um pouco minha paciência musical para o Jazz.
Fala para mim que ainda tem saudade, que suspira quando lembra da nossa coletividade.
Mostre-me seus planos artísticos em todos os ângulos que as câmeras permitem.
Me conte suas experiências em outros continentes, confesse seus amores bandidos banidos a força.
Experimente me olhar pela lente, com você por cima ilustrando em quadros os gemidos do quarto apagado.
Me ensina como declamar Baudelaire nos bares esperando seu turno encerrar.

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